sábado, 20 de novembro de 2010


Comunicado da Aliança Nacional, alusivo aos 35 anos de Angola como Estado independente.

Compatriotas:
Decorreram já trinta e cinco anos desde a substituição do jugo colonial, ocorrido em 11 de Novembro de 1975. É um tempo digno de destaque sobretudo se tivermos em linha de conta, o que de negativo nos aconteceu e o que de positivo poderia ter acontecido.
Para efeitos de referência – Portugal, o país ex-colonizador -, tendo também sido vítima de uma governação fascista e totalitarista que perdurava há quarenta e oito anos, transformou-se numa das democracias mais sólidas da Europa. Durante esse mesmo período – 1975 – 2010 -, Angola enveredou por uma das mais execráveis ditaduras do planeta.
A democracia nos foi imposta, democracia e direitos humanos não enchem barriga, fazem parte do léxico político de quem governa o nosso país há mais de trinta anos e sem consentimento popular expresso nas urnas.
Em trinta e cinco anos, o projecto de criação de uma nação em Angola, foi esmagado e declinado por uma frente política um dia autoproclamada movimento popular de libertação. O espírito de “libertação” durou até a chegada ao poder, momento a partir do qual, de uma forma ou de outra, todas as famílias angolanas passaram a conhecer o amargo da nova dominação.  
Fomos traídos!

O que pode ser resumido, consubstanciado no processo de alienação das mentes, manipulação da lei, da justiça e da sociedade, ultraje à pátria e corrupção generalizada sem limites, terá de ser alvo neste balanço. O que não pode ser resumido, deverá ser tratado pontualmente e com detalhes em demais intervenções da Aliança Nacional.
A nação foi impedida de se consolidar por uma governação que contesta e afronta a democracia. O presidente da governação consta nas cédulas monetárias; fez-se constar nos bilhetes de identificação do cidadão, deixando de ser um funcionário público – ainda que sem mandato – atribuindo-se o estatuto de símbolo nacional. Um verdadeiro ultraje, à medida de qualquer processo de subjugação em que fosse alcançada a alforria! O presidente é a maior referência desportiva, é o mais capacitado chefe militar, é o mais enérgico diplomata é o dono das consciências mas que não assume a imundície que grassa pelo país, a miséria humana e material. A guerra fratricida, facto que envolveu entidades nacionais e seus apoiantes externos, apesar de amnistiada por uma das partes, foi recentemente invocada como razão dos desequilíbrios democráticos e dos insucessos económicos e sociais. A guerra fratricida nunca foi assumida como estando na base do enriquecimento ilícito e traiçoeiro, e da manipulação dos cidadãos.

Chegados aqui, inclinamo-nos perante a memória de Alioune Blondin Beye, que afirmou em Luanda, 1994: “Há crimes que não prescrevem”. 

A corrupção que mina o país, destrói a sociedade e não é alvo de combate; é estimulada e apadrinhada; garante a riqueza do clã dominante que por força e com força da corrupção internacional pode excluir o bem e a nação. A corrupção da governação coloca a nação numa posição embaraçosa! Angola, perdendo apenas para o Bangladesh, é o país mais corrupto do mundo; entre as cem instituições universitárias africanas de relevo, não consta nenhuma universidade angolana; entre uma farsa eleitoral e outra, dezasseis anos foram passados, sendo de considerar a gestão anterior de dezoito anos sem legitimação popular e outras manipulações e subversões. Sob a prática da manipulação, a nação viu-se associada à uma declaração de oitenta por cento de preferência eleitoral a favor da ditadura e, pior do que isso, a governação imputou à nação, a exclusão de partidos políticos!
Estado da nação: Conspurcada e amargurada. Estado da governação: Arrogante e descontrolada!
Bill Clinton, ex-presidente norte-americano a quem coube o triste papel de desequilibrar o processo de obtenção da democracia em Angola, reconheceu na dominação uma prática detestável. Em visita ao nosso país em Agosto de 2009, Hillary Clinton não falou à oposição nem à instituições científicas e estudantis do nosso país, desnudando com o gesto diplomático o pensamento de Barack Obama, presidente dos poderosos Estados Unidos da América: Angola é um país ditatorial e sem formação!
Mário Soares, ex-estadista europeu de reputação consolidada, viu na cleptocracia uma prática do clã dominante em Angola. Bob Geldoff, activista irlandês corroborou posteriormente com palavras que adjectivam com repugnância o mesmo clã! Angola é um país gerido por ladrões! Lula da Silva, o popularíssimo ex-presidente do Brasil, no último semestre do seu mandato – 2010 - , afirmou que o governo tinha aprovado uma nova constituição! Ele, Lula da Silva, a governação e a nação angolana, sabem o que é a nova constituição! Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente brasileiro, numa atitude próxima do corrupto, sugeriu que a governação optasse pelo imposto, uma vez que sem esse ferramenta da economia, haveria o dado. Henrique Cardoso demonstrou que desconhecia a existência do tirado, um mecanismo muito em uso contra a nação angolana: A energia tirada, a saúde tirada, a educação tirada e sobretudo, a liberdade tirada! Mais impostos? Talvez para apoio a corrupção internacional. O ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, recusou-se a comentar as “eleições” de 2008 em Angola, endereçando recados claros à governação e à observação europeia. Infelizmente para a nação angolana, mais não foi feito

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No léxico político nacional, Enclave não é significado de unidade; Protectorado também não!
Os argumentos intelectuais de suporte em certas causas de balcanização, acabarão por recordar que Benguela já foi um reino e que outros reinos existiam antes das aventuras coloniais ocidentais.

As leis e mecanismos contra a segurança do Estado, talvez possam desencadear a insegurança do mesmo, uma vez que o recado por detrás dessas reivindicações é único e cristalino: Juntos, não estamos bem! Se alguém ou alguns tornaram a convivência imprópria, e a nação una inconveniente, a governação sabe, tem de saber, que os processos humanos uma vez desencadeados, raramente deixam de evoluir.
As relações com países fronteiriços já conheceram melhores dias e há dados que apontam a arrogância governamental como estando na base das hostilidades. As consequências sobram para a nação, envolvida no movimento entre e inter-
Estados.
Estado da nação: dividida e ameaçada.
Estado da governação: arrogante, descuidada e insegura.

Aproveitar a presença de Jacob Zuma, presidente da África do Sul, para anunciar uma atipicidade de mandato popular, foi infeliz e ajudou a manchar ainda mais a imagem do continente africano. Contudo, aproveitar a presença de Hillary Clinton para sugerir à nação, o declínio total da coerência na maior potencia militar do planeta, foi um desastre.

Estado da Nação: abusada.
Estado da governação: insustentável.
A injecção de meios financeiros nas praças internacionais em declínio, processos económicos e financeiros sem transparência, a doação ou empréstimos de fatias do território nacional, a atribuição de cidadania a estrangeiros, fora das competências constitucionais, sugerem o retorno ao totalitarismo.
Os serviços migratórios brasileiros informam: 65% dos refugiados africanos no Brasil, são na sua maioria, angolanos! a nação está em debandada, impelida pela governação.
Os comités de especialidade da governação, dividiram a nação: professores e médicos representam a presença dos tecnocratas do regime alemão de Adolph Hitler. Não pode haver segredo e zelo profissional no ensino, na saúde, nas telecomunicações, na família! Com tais técnicos, a confiança revela-se um erro perigoso.
Estado da nação: dividida.
Estado da governação: irresponsável.

Os mecanismos desencadeados para consolidar o retorno ao totalitarismo advertiram a nação para a extinção total dos partidos políticos e com estes, os próprios May Be Man. Caberá a nação reagir de acordo com as leis físicas e políticas.
Nelson Mandela, herói africano e ex-presidente da África do Sul, afirmou:
“Sempre é o opressor e não o oprimido, quem determina as formas de luta”.
A independência de qualquer Estado pode ser um bem em si mesmo, mas tal processo não desencadeia em absoluto a realização das nações. Para nós, povo angolano, a nação foi traída.
Estado da Nação: Atenta.
Estado da governação: Avisada.

Tal como no tempo da dominação externa, inviabilizada a convivência entre autóctones e invasores, somos chamados a conhecer as ferramentas de subjugação que atingem a vontade e auto-estima: Leis contra a segurança do Estado substituem as acções para a consolidação da nação; culto à personalidade, substitui acções de criação da autoridade baseada no consentimento e no respeito; os postos de trabalho em empresas de ponta, “são reserva de assinantes do cartão do partido”; a manipulação dos processos democráticos, substituem o mandato popular; arrogância, expropriação, desonra, injustiça, sonegação, delinquência e pilhagem resumem ao ignorante e ao ilustrado o projecto da nova dominação!
Jonas Savimbi, Holden Roberto, Mfulumpinga Landu Vitor, Ricardo de Melo, Adão da Silva e tantos outros, presentes!

Luanda, 11 de Novembro de 2010
O presidente da Aliança Nacional
Laurindo Neto


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Para entender a Obra dos Inumamos.


http://riodande-angola.blogspot.com/2010/03/obra-dos-inumanos.html

Zenza do Itombe é uma aldeia do norte angolano.
Foi vítima da saga militar entre o MPLA e a UNITA (então grupos armados em Angola). Naquele trágico acontecimento, em que angolanos se transformaram em tochas humanas, a táctica empregue, foi transportar seres humanos com combustível, prática condenável por legislação internacional, mas que entretanto a corrupção e o clientelismo internacional abafaram. A fuga de informações, propositada ou não, fez o resto. Na sede por violência, a UNITA atacou o comboio sem discernimento e fez deflagrar o fogo que transformou cidadãos em tochas humanas. Esse facto, deu ao MPLA uma arma de propaganda, transformada em permanente marketing político e militar. Palmas para o requinte do mal. Erro de cálculo contudo, uma vez que se os resultados foram satisfatórios para o grupo político dominante em Angola, concorreu também para o ambiente de logro e insatisfação geral dos cidadãos, mantidos permanentemente sob a paz de Pirro, ou, para uma rápida compreensão, a Paz do Medo.

A dominação continua

À ignomínia no Zenza do Itombe, o genocídio do 27 de Maio de 1977, a Sexta-feira sangrenta ou mesmo as manobras dilatórias para o prolongamento do “mandato popular” de 1992, juntam-se outros factos e crimes contra a humanidade, que apenas o clientelismo e a corrupção internacional mantêm abafados. O onanismo da ditadura em curso intensificou o gozo, eliminando as eleições presidenciais previstas para o ano de 2009, prática que confirmou uma vez mais a existência de um país sob Golpe de Estado Constitucional permanente.
O 27 de Maio de 1977 - Crime contra a humanidade, que vitimou cerca de oitenta mil angolanos – visou extirpar de Angola a consciência nacional, a lucidez dos homens da nossa terra, e o apagamento da memória colectiva! Por esse facto, a noção do dever, impeliu-me a criar “A Obra dos Inumanos” e outros poemas a publicar, tendo como objectivo, manter presente a história de Angola, na perspectiva dos oprimidos. – Vox populi, vox dei -.
Sou dos que comungam a ideia de que se um jovem não se adequa ao seu tempo e aos problemas sociais, é uma desgraça causada no mínimo por um adulto incapaz ou por um Estado desgovernado!
A juventude é um estádio físico e mental inevitável, mas a alienação dos jovens, para além de uma falta de consciência governamental, revela-se como um Terrorismo de Estado!

À semelhança da actual juventude alemã, pouco consciente quanto às reais causas e consequências do Hitlerismo, na Eduardolândia – complexo grotesco e imaginário que substitui na prática e no costume a República -, também os jovens e os cidadãos em geral, estão confusos e algo apáticos, vitimados por uma feroz e irresponsável alienação mental e exclusão social, as ferramentas de contenção da vontade perfeitas, criadas pelos nossos opressores, com apoio ou omissão conveniente dos seus clientes internacionais.
“Para compreender a obra dos inumanos” é parte da minha noção de missão e noção de dever

segunda-feira, 29 de março de 2010

Obra dos inumanos

Lá, no Zenza do Itombe

Aonde nunca foram nem o rei nem o conde

Alguém colocou o combustível

Outros atearam o fogo

Ficou mesmo consumível

A artimanha do uso do isco

Alguém jogou a informação

Outros mergulharam nela

Estando o voto em desuso

Transportaram gente com gasolina

Esqueceram-se do arroz e da canela

No Zenza não vale a palavra não vale a vaselina

É tempo do uso da pólvora

Botaram fogo no comboio

Que trazia o combustível

Junto com os seres humanos

Alguém jogou a informação

Outros mergulharam nela

Foi obra dos inumanos

sexta-feira, 5 de março de 2010

Males da ditadura


Sou angolano!
Minha terra não é corrupta, mas está corrompida!
Nasci numa Angola não pobre, hoje empobrecida
Esta nação era digna, antes de conspurcada!
A pátria mãe tem caciques, tem opressores e tem falta de liderança!
Angola ruma para o abismo
Ignora que a melhor maneira de dar um passo em frente...
É recuar.  
Enfim, males da ditadura!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Angola, um CAN e duas disputas


Nos estádios construídos à pressa e até mesmo atabalhoadamente, decorre o CAN 2010, enquanto fora deles, outro pleito acontece em confronto menos clássico mas nem por isso menos contundente. Tem árbitro também, ainda que discreto, com direito a mala sem fundo mas com descomunais capacidades de alienação e distribuição de cartões vermelhos. Corrupção para o beija-mão e cartão vermelho à resistência claro está!

Aconteceu muito naturalmente, mesmo até porque se o CAN é novo a disputa tem a idade do país politicamente constituído.

Opõe-se dois contendores sem lista divulgada e, claro está, com estatutos diferentes! Um, que sobrevive com as sobras dos manjares, para o qual estará sempre apontado o cartão vermelho e outro - o surdo e o invisual de conveniência - que faz da infelicidade do outro a sua felicidade. Pare este outro, como é devido, as benesses da mala do árbitro.

E começa o pleito que conhecerá sua rixa mais violenta - e muda também -, a partir do dia 21 de Janeiro de 2010, data da consolidação da última ditadura continental e mundial.


Teve início o invulgar pleito, alinhando-se os competidores segundo necessidades publicitárias e estratégicas.


Para a publicidade, o acesso aos estádios é feito de forma a fazer a acreditar que eles não estão rodeados de miséria e imundície, ao estilo "para inglês ver", mesmo sabendo-se que há coisas que nem inglês aceita enxergar. O monopólio é visível, já que aqueles que denunciaram os lacaios do imperialismo se transformaram na trincheira firme da Pilhagem Mundial. Transportes favorecidos, fabricação e distribuição exclusiva de bilhetes, venda de águas, sumos e outros produtos derivados ou fabricados com gengibre ou cola, enfim, um campeonato "do partido", organizado e apadrinhado pela rede continental de atormentadores dos povos de África. Dos atabalhoados, desde as estradas que há trinta e quatro anos aguardam por intervenção séria, à iluminação pública e doméstica desleixados, formam um plantel, enquanto os pequenos condomínios com a marca da discriminação formam o outro.


Os estrategas da pátria optaram por organizar o seu quotidiano sem algazarra, deixando que desporto e evento prosseguissem seus objectivos de alienação sem lhes toldar a mente.

Ao toque do árbitro, situacionistas ferrenhos e apoiantes de esterco flamejam as bandeiras julgadas unificadoras e suas trombetas! Opositores declarados e resistentes anónimos, aguardam calma e serenamente pelo esfumar da glória efémera dos seus opressores. Que pleito admirável!

Bandeira à vermelho e preto? Usa tu! O “jogo”sujo? É vosso! A miséria? É nossa! Os discriminados? Somos nós! Não conseguiram um Filipão para a mobilização geral? Os nossos problemas são conhecidos! Gritem, gesticulem, disfarcem, corrompam, finjam unidade, mas o jogo real está aí, sem plateia direccionada e à vista de qualquer um, mesmo aos invisuais de consciência!

O resultado já foi encontrado! A consciência nacional vetou a prática do uso do desporto como forma pérfida de moldagem do raciocínio.

Vetou a criação de um Clube de Amigos fundado na insensatez; desagradou-se ante a transformação dos mesmos em assembleia constituinte; rejeitou a humilhação de ver uma constituição e seu conteúdo serem pisados e lançados ao espólio, por conveniência de alguns; angustiou-se porque a seriedade não mora entre nós e o que se pretendia um país sério, será doravante um acabada propriedade horizontal!

A ignomínia de presentear o povo angolano com um evento desportivo enquanto se planifica o cerceamento das suas aspirações e liberdade, não vingou! Cegou alguns mas não vingou. Pior do que isso, distinguiu as lideranças africanas com a Taça da Amargura.